Sou um crítico.
Publicada por Higuita | | Posted On segunda-feira, 3 de agosto de 2009 at 00:00
Serei puramente sincero ao afirmar a minha compreensão e solidariedade perante a multidão expectante e inconclusiva que desperdiça a sua capacidade intrínseca do ser de uma forma incongruente: a racionalidade! Serei também o maior samaritano em relação aos paradigmas sociais que cada comunidade aplica no seu dia-a-dia, nas idiossincrasias ilusórias e nas atitudes aristocratas vincadas na questão “ser e parecer”.
A questão é concretíssima e uma extensão da globalização filosófica do pensamento e do seu funcionamento. Pretendido por todos, o pensamento, subjacente a obras primas antepassadas, tem uma necessidade vital e ortodoxalmente ingénua de ser compreendido e rotulado em acções e principios morais, frutos de uma digestão forçada e desmedida do aparente funcionamento daquilo que esta incorporado na nossa racionalidade. O erro sistemático prossegue na complexidade das questões que estão incorporadas no nosso pensamento, uma implicação aborrecida de processar conclusões e teorias – nenhuma conclusão é definitiva e as teorias são abatidas passo a passo. É aqui que a questão metafísica das nossas atitudes reside, permanecendo indestrutível: toda a conclusão é aparente e ilusória, uma produto retardado e sujeito à antiguização inerente à evolução do ser e do próprio pensamento. Será nosso desejo aplicar conclusões superficiais, estando mesmo as mais perfeitas e metódicas sujeitas à depressão e ao rídiculo conforme o passar dos tempos, vontades e «pensamentos»? Desejo subjectivo obviamente, mas algo universal, no ponto visionário e tenaz da ordem dos objectivos «irrisórios» do ser – a procura carnal da perfeição e dos seus bens materiais e mentais. Frustrada essa procura, impossível será afirmar que mesmo com esforço não conseguimos chegar a conclusões em forma de dogmas... É uma falsificação teóloga incorporada na ansia por respostas e mais respostas ao porquê dos erros do nosso pensamento e a atenuação de uma culpa implacável à imperfeição do nosso ser: jamais iremos admitir que a procura da perfeição é uma mera frustração patológica e que as bofetadas inconsequentes ao limite do nosso ego tornam-se uma agravante à rejeição forçada de um destino benzido pela má sorte.
Para além de um benção da má sorte – mais uma falsificação fruto do nosso pudor à aceitação imprudente do limite do ser – este círculo realça o ponto sensível e extraordinariamente absurdo que a crítica não provém da razão aparente, mas sim da consciência racional do funcionamento correcto/errado daquilo que nos rodeia, e que, para além disso, é um produto da reacção electrizante da veemente imoralidade daquilo que toca e levanta emoções... A crítica é um mero beco sem saída, onde cada ser vai parar com ou contra uma vontade interior. O crítico é aquele que encontra a saída e a torna evidente, realçando a compreensão dos erros e a caracterização hilariante daquilo que é fruto duma racionalidade aparente.
O crítico... Bem o crítico é o mártir implacável que separa a crítica do método de críticar, e que é abatido segundo a segundo. A crítica toma mesmo conta do pensamento e dá cabo do verdadeiro crítico, uma resposta impulsiva ao pudor do verdadeiro crítico, pois esse será o único capaz de elevar o pensamento vulgar ao rídiculo em letras grandes...
Quem me dera ser um crítico..
A questão é concretíssima e uma extensão da globalização filosófica do pensamento e do seu funcionamento. Pretendido por todos, o pensamento, subjacente a obras primas antepassadas, tem uma necessidade vital e ortodoxalmente ingénua de ser compreendido e rotulado em acções e principios morais, frutos de uma digestão forçada e desmedida do aparente funcionamento daquilo que esta incorporado na nossa racionalidade. O erro sistemático prossegue na complexidade das questões que estão incorporadas no nosso pensamento, uma implicação aborrecida de processar conclusões e teorias – nenhuma conclusão é definitiva e as teorias são abatidas passo a passo. É aqui que a questão metafísica das nossas atitudes reside, permanecendo indestrutível: toda a conclusão é aparente e ilusória, uma produto retardado e sujeito à antiguização inerente à evolução do ser e do próprio pensamento. Será nosso desejo aplicar conclusões superficiais, estando mesmo as mais perfeitas e metódicas sujeitas à depressão e ao rídiculo conforme o passar dos tempos, vontades e «pensamentos»? Desejo subjectivo obviamente, mas algo universal, no ponto visionário e tenaz da ordem dos objectivos «irrisórios» do ser – a procura carnal da perfeição e dos seus bens materiais e mentais. Frustrada essa procura, impossível será afirmar que mesmo com esforço não conseguimos chegar a conclusões em forma de dogmas... É uma falsificação teóloga incorporada na ansia por respostas e mais respostas ao porquê dos erros do nosso pensamento e a atenuação de uma culpa implacável à imperfeição do nosso ser: jamais iremos admitir que a procura da perfeição é uma mera frustração patológica e que as bofetadas inconsequentes ao limite do nosso ego tornam-se uma agravante à rejeição forçada de um destino benzido pela má sorte.
Para além de um benção da má sorte – mais uma falsificação fruto do nosso pudor à aceitação imprudente do limite do ser – este círculo realça o ponto sensível e extraordinariamente absurdo que a crítica não provém da razão aparente, mas sim da consciência racional do funcionamento correcto/errado daquilo que nos rodeia, e que, para além disso, é um produto da reacção electrizante da veemente imoralidade daquilo que toca e levanta emoções... A crítica é um mero beco sem saída, onde cada ser vai parar com ou contra uma vontade interior. O crítico é aquele que encontra a saída e a torna evidente, realçando a compreensão dos erros e a caracterização hilariante daquilo que é fruto duma racionalidade aparente.
O crítico... Bem o crítico é o mártir implacável que separa a crítica do método de críticar, e que é abatido segundo a segundo. A crítica toma mesmo conta do pensamento e dá cabo do verdadeiro crítico, uma resposta impulsiva ao pudor do verdadeiro crítico, pois esse será o único capaz de elevar o pensamento vulgar ao rídiculo em letras grandes...
Quem me dera ser um crítico..
Também eu, caro Higuita, também eu. Mas, acima de tudo, é fulcral ser paciente e esforçado. Paciente, pois é necessário todo um complexo processo de maturação para que se possa ser um crítico digno. Schelling, por exemplo, filósofo do início do século XIX, deu-se ao pretensiosismo de estabelecer um sistema tão precocemente quanto lhe aprouve, aos 20 anos e, o que é certo, teve que o modificar três vezes ao longo dos seus 80 anos de vida.
Esforçado, para que, ainda que, aos poucos, se vá avançando, sem solavancos ou percalços, mas, sem alguma vez ser tentado a desistir, por mais sinuoso que seja o caminho a percorrer.
Grande texto!